sexta-feira, 13 de agosto de 2010

Conquistada a reserva de vagas para oriundos de escolas públicas na UFRJ

A UFRJ vai adotar o sistema de cotas, para facilitar o ingresso de estudantes de baixa renda familiar e oriundos do sistema público de ensino. O benefício será válido, já para o ano de 2011. A proposta que foi aprovada na reunião do Conselho Universitário (Consuni) desta quinta-feira, prevê ainda a manutenção do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), como uma das formas de acesso, e a adesão da universidade ao Sistema de Seleção Unificada (SiSU).

As questões mais específicas, como o percentual de vagas destinadas ao regime de cotas e a política de assistência estudantil necessária à permanência dos estudantes pela política diferenciada de acesso, não chegaram a ser definidas e serão discutidas na próxima quinta-feira.

A proposta original, encaminhada pela Reitoria, previa que 50% das vagas da UFRJ seriam distribuídas de acordo com o SiSU e as notas do Enem, sendo a metade restante oferecida em uma prova discursiva, seguindo o modelo tradicional de avaliação da UFRJ. Dentre as vagas do Enem, 20% seriam destinadas e estudantes do sistema público de ensino e com renda familiar per capita inferior a um salário mínimo e meio, perfazendo 10% do total de vagas.

Quatro em cada cinco pessoas que concluem o ensino médio no Rio de Janeiro, são da rede pública de ensino, mas 54% dos inscritos no concurso da UFRJ são estudantes de escolas particulares, o que indica que muitos estudantes da rede pública não tentam ingressar na universidade, mesmo com a gratuidade do último exame.

Apenas 6,29% dos estudantes da rede estadual de ensino conseguiram ser aprovados no último concurso de acesso à graduação na UFRJ, 12,32% daqueles oriundos de escolas particulares e 17,31% da rede pública federal de ensino médio.Esse bom aproveitamento das escolas federais levou o professor Marcelo Paixão, representante do Centro de Ciências Jurídicas e Econômicas (CCJE) a propor que as cotas sejam restritas às escolas estaduais.

O professor Marcos Cavalcanti, representante do Centro de Tecnologia (CT), argumentou que o critério proposto para o recorte por renda familiar deveria ser revisto. De acordo com Cavalcanti, apenas os 10% mais ricos do país têm renda familiar per capita acima de um salário-mínimo e meio. Segundo dados do professor, a renda que realmente divide o país é de 300 reais per capita. Metade dos brasileiros teria renda inferior a esse limite e a outra metade superior.

O reitor Aloísio Teixeira enfatizou que a proposta discutida terá caráter experimental, sendo adotada em 2011 e ensejando debates posteriores mais profundos. O reitor destacou que mesmo que a universidade como um todo tenha um percentual superior a 10% de estudantes dentro do perfil proposto, isso não se dá em cursos como medicina e direito, nos quais a adoção desse percentual já seria uma medida claramente democratizante.

Nenhum comentário:

Postar um comentário